sábado, 5 de janeiro de 2013

Puro Ver


Estamos acostumados a viver no passado, condicionado por suas lembranças, eventos, lamentações, ansiedades, inseguranças, sucessos, conquistas, ambições, etc. Nada que nós percebemos é novo. Ao que percebemos, sobrepormos o passado dentro de nossas mentes e damos nossas percepções novos nomes.

Os nomes que damos a percepções depender da fala. O Nome está sempre associado a uma forma. Uma forma pertence à mente. Assim que a mente vê uma forma, dentro da memória, é ativado e encontramos uma memória correspondente. Nós retiramos e sobrepormos o objeto encontrado a frente. Há um enorme conflito no presente. Não parando por aqui, nós introduzimos um nome usando o discurso.

Tomemos o exemplo o ouro. Uma pulseira, como tal, não é um objeto. É uma projeção mental e um nome. Tudo o que é, é ouro. Ao ver uma forma particular circular, um pensamento anterior na mente é ativado. A forma é encontrada e etiquetada como 'pulseira' e atrelada a forma. Não há uma nova visão aqui. É somente o recordar.

Como ver, então? Uma pessoa só tem que ver, sem a mente, vendo com o ser. Sem a dúvida, fala ou forma são necessários para puro ver. Eis que a presença através de ver. Uma vez que a mente é trazida para a foto, um fluxo irrestrito de impressões subjetivas intercede o processo puro de ver.

Vendo sem trazer este observador, é ver o real. O observador é, em outras palavras, o conjunto de impressões, o ego, as idéias, os conceitos, as definições, a dogmas, submissões, culpas, resistências, etc. Estes são todos incorporados ao que é visto sendo um claro conflito, em que, a dualidade de observador-observado é tomada como real.
Uma vez que a mente é abandonada, há apenas ver. Não há mais nenhuma divisão observador-observado. Existe o ver com todo o ser. Há homogeneidade, apesar das ilusões da heterogeneidade.

Vamos usar um livro como por exemplo. A mente tem que estar muito tranquila para este tipo de observação.

O 'nome' livro tem que ser temporariamente bloqueado. Depois, há a forma que inflama a memória. A forma também tem que ser abandonada. Tente olhar de novo. A divisão sujeito-objeto é projetado agora. Há existência em todo o silêncio - inominável, sem forma. Esta é a consciência. Esta é a inteligência desprovida de nome, forma, subjetividade e objetividade.
Esse olhar é real ver. Não há nomeação através da fala, sem camadas de parafernália mentais. É apenas o ver.

Será que alguma coisa acontece  Não há nenhum acontecimento ou experiencia. Existe o verdadeiro ver, não há presença, realidade, é o eu interior.
Observar com tal tato é um dom natural, que nós aprendemos a esquecer. Na verdade temos que desaprender a viver a vida meditando. Esta nas escrituras e é chamado de 'shambhavi dRRiShTi'.

Eu também gostaria de salientar, que esta é uma prática mencionada em obras Patanjali Maharshi. Apesar de não aceitar a sua filosofia dualista, nós seguimos suas práticas, assim como nos yama, niyama etc.

Esta prática não vai negar ignorância. Isto entra na categoria de parampara sAdhanam (meios auxiliares). Conhecimento sozinho é o sAdhanam sAkshAt. (meios diretos) para moksha.

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