Yoga é um sistema sofisticado que vai muito além das
posturas. Literalmente pode ser considerado um estilo de vida criado para
trazer consciência ao corpo e igualmente ao pensamento. Os seus ensinamentos
são em forma de uma metodologia em que passo-a-passo se revela o entendimento
de nossas experiências na terra, direcionando-nos também para novas experiências.
Yoga pode ser comparado com um detalhado mapa, dizendo onde nos encontramos e
como chegar até a próxima descoberta. O método facilita obter o controle
da vida, assim como nos ajuda a direcioná-la até satisfação que nós procuramos.
O método completo consiste em 8 partes que são Yama, Niyama, Asana, Pranayama, Pratyahara,
Dharana, Dhyana, Samadhi. Nesta publicação falaremos sobre a visão geral
dos Yamas e Niyamas que são a base do pensamento yogui .
O Yama e Niyamas são ensinados como diretrizes,
dogmas, disciplina, ética, preceitos ou restrições e observâncias. Eu muitas
vezes penso nelas como relíquias, por serem raridades que nos dão direção para
uma vida bela e alegre. Na filosofia yogui, essas relíquia são as primeiras das
8 partes do caminho da liberdade.
As
primeiras relíquias são os Yamas, uma
palavra que literalmente significa “restrições”que incluem em seu conceito não violentar
(ahimsa), veracidade (satya), não roubar (asteya), não exceder (brahmacharya)
e não-possesividade (aparigraha). As
outras cinco relíquias são as Niyamas,
ou “observâncias” e incluem pureza (saucha),
contentamento (santosha), disciplina
(tapas), estudo(svadhayava) e rendição (ishvara
pranidhana). Muitas destas referências de conduta ética talvez nos façam
sentir sobrecarregados de conceitos, ou fechados em um sela de regras . Yoga
não nos limita de viver a vida, mas pelo contrário, ela nós abre para uma vida
completa e navegando de uma para outra de forma prática e fácil de se
compreender.
Yamas
Não violência (ahimsa),
a primeira relíquia, posiciona-se como a fundamento para as outras diretrizes
que irão aumentar o significado e renovar sua riqueza. Não-violência é uma
postura de relacionamento correto com os outros e com nós mesmos que não é auto-sacrifício
ou auto-engrandecimento. Este princípio
nos guia para juntos vivermos, dividir os bens e fazer o que queremos – sem
causar dor aos outros ou a nós mesmos.
Veracidade (Satya), a segunda relíquia, é parceira da
não-violência. O casamento destas cria uma poderosa dança entre as duas parecendo
opostas. Nós podemos apreciar essa afirmação quando começamos a praticar dizendo
a verdade sem prejudicar os outros. Como parceiros, a veracidade mantém a
não-violência de se tornar covarde, enquanto não-violência mantém a veracidade
de se tornar uma arma brutal. Quando dançam perfeitamente juntas cria-se uma
espetacular visão. Sua união se revela como profundo amor em sua expressão mais
completa. E quando há desarmonia ou confusão entre as duas, veracidade deixa
espaço para a não-violência.
Não roubar (Asteya), a terceira relíquia, guia as nossas tentativas e tendências de
olhar para o exterior para buscar satisfação. Muitas vezes, nossas
insatisfações na vida nos lidera a um olhar fixo no mundo exterior, com a
tendência de roubar o que não nós pertence. Nós roubamos da terra, do outros e
até de nós mesmos. Nós roubamos da nossa própria oportunidade de crescer e nos
tornar pessoas que têm o direito de ter a vida que realmente queremos.
Não exceder (Brahmacharya), a quarta relíquia, tem sido interpretada por muitos com o significado
de celibato ou abstinência. Mesmo podendo ser interpretado com esse sentido, o
seu significado literal é “andar com Deus”. Não importa a sua crença sobre
Divindade, este princípio implica consciência sagrada em todas as ações e
atenção em cada momento que nos move para uma postura de santidade. Se nós praticarmos não roubar, nós
estaremos automaticamente preparado para a prática desta diretriz.
Não possesividade (Aparigraha), a quinta relíquia e última das diretrizes das Yamas , nos liberta da cobiça. Ela nos lembra que se agarrar a
pessoas e objetos materiais somente nos coloca para baixo e torna nossas vidas
pesadas e com experiências decepcionantes. Quando praticamos o desapego,
movemos nossas vidas e experiências em direção à liberdade e satisfação na vida,
o que é expansivo e puro.
Se nós
vivermos as 5 primeiras relíquia de uma forma correta, nós começaremos a notar
o tempo livre e um maior espaço para respirarmos em nossas vidas. Os dias
começam a ser mais leves e fáceis de lidar, o trabalho mais prazeroso e nossos
relacionamentos com os outros mais tranquilos. Nós gostamos de nós mesmos um
pouco mais; os passos se tornam mais macios ao caminhar, compreendemos a
necessidade de possuirmos menos comparado a tempos anteriores, os momentos de
diversão são mais frequentes.
Niyamas
Agora começando os estudos básicos das cinco relíquia finais ou Niyama. Aqui nós entramos no mais sublime reino e lugar de descanso
interior, como um domingo de descanso.
Pureza (Saucha), a sexta relíquia, é um convite a
limpar nossos corpos, atitudes e ações. Nos pede para limpar nossas ações para
que possamos estar mais disponíveis para as reais qualidades da vida que
procuramos. Este preceito também nos convida a purificarmos como nos
relacionamos com o que é mais supremo no momento. É também a qualidade de estar
alinhado em nossos relacionamentos com os outros, com as atividades a nossa
volta e com nos mesmos.
Contentamento (Santosha), a sétima relíquia, não pode ser vista, todas as coisas que nos trazem
realização interferem na nossa própria satisfação e bem estar. Contentamento só
será sentido ao aceitar e apreciar o presente. Quanto mais nós aprendermos a
deixar o “O que é” sozinho, mais calmamente e firmemente o contentamento nós encontrará.
Disciplina (Tapas), a oitava relíquia, literalmente
traduzida como purificação ou austeridade. É tudo que nos bloqueia a mudar.
Mudança nos torna peso pesados espiritualmente no jogo da vida. É a preparação
para nossa própria grandeza. Nós todos sabemos como é fácil ser uma pessoa de
grande caráter quando tudo está correndo bem em nossas vidas, mas como nos mostramos
quando a vida joga conosco com cartas escuras? Quem é você nesses momentos? Esta
diretriz é um convite para a procura intencional de nosso caráter e ela nos
pergunta “Eu confio no caminho para minhas mudanças?”.
Estudo (Svadhayava), a nona relíquia, é a busca pelo auto-conhecimento,
estudar o que nos direciona e forma, porque estas coisas são literalmente a
causa da vida que vivemos. Estudar nos põe a olhar para as histórias que nós
contamos sobre nós mesmos e perceber que essas histórias criam realidade em
nossas vidas. Enfim, este princípio nos convida a livrar e limitar a percepção
que nosso ego impõe e conhecer a verdade sobre o nosso próprio ser divino.
Rendição (ishvara
pranidhana), a
décima relíquia, nos relembra que a vida sabe o que é melhor para nós. Através
de devoção, confiança e compromisso ativo, nós podemos receber cada momento com
o coração aberto. Ao invés de remar contra a correnteza, rendição é um convite
para ir com a corrente, desfrutar do caminho e olhar a paisagem.
Na próximas
publicações iremos mais a fundo em cada uma das relíquias.
Namastê
Muito bom e explicativo.
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